As pedaladas, a velocidade, o arranque impressionante.
Tudo foi ficando mais lento, mais previsível.
Em vez de se transformar no melhor do mundo, virou um bom atacante.
Nada além do que isso.
Ele chegou à Espanha em agosto de 2005.
Tinha 61 quilos.
A primeira providência do clube foi anunciar publicamente.
Ele precisaria ganhar massa muscular.
Pelo menos cinco quilos.
Foi submetido a um regime de engorda.
Em agosto de 2006, já tinha os almejados 66 quilos.
Mas sua mobilidade nunca mais foi a mesma.
Oito anos mais tarde, a mesma situação.
Neymar tem 64,5 quilos.
E o departamento médico do Barcelona avisa.
O seu peso ideal é 69,5 quilos.
Cinco a mais do que saiu do Santos, da Seleção Brasileira.
Obediente, a nova estrela catalã vai se submeter ao regime de engorda.
Os médicos, fisiologistas e preparadores físicos juram que será diferente.
Usam Messi como exemplo.
Tudo deu certo para o jogador de 67 quilos e 1m69.
Estudos apontam que a relação entre altura e peso é fundamental ao seu sucesso.
Seu centro gravitacional é perto da perfeição.
Por isso consegue se reequilibrar mesmo sofrendo pontapés seguidos.
Já Neymar, não.
Ele seria magro demais para o seu 1m75.
O staff do jogador não criará problemas ao Barcelona.
Justamente por causa do exemplo de Messi.
Na Vila Belmiro preparadores não concordam com essa relação.
E mesmo na Seleção Brasileira ninguém viu a necessidade.
A Copa das Confederações foi o exemplo.
Mesmo enfrentando rígidas marcações, o corpo franzino de Neymar não atrapalhou.
Pelo contrário, sua velocidade foi um fator decisivo.
Ele foi o melhor jogador do torneio vencido pelo Brasil.
O Barcelona deve começar o regime de engorda desde já.
A tendência é que chegue à Copa do Mundo pelo menos três quilos acima.
Na Itália, Kaká se submeteu ao mesmo processo.
E ganhou impressionantes dez quilos.
Passou de 71 para 81.
Chegou a ser o melhor do mundo.
Mas esse peso a mais o expôs a contusões.
Sobrecarregou os joelhos, o púbis.
As contusões se acumularam e foi perdendo a mobilidade.
Disputou a Copa da África com dores lancinantes.
Médicos que o operaram consideraram 'um crime' ter jogado a competição.
A cirurgia no joelho foi um sucesso.
Mas o sobrepeso é uma situação que travou seu caminho no Real e na Seleção.
Ronaldo continua sendo o caso mais gritante.
Ele saiu franzino do Cruzeiro para o PSG.
E na Holanda também teve de engordar.
E não parou mais até o final da carreira.
O ex-coordenador de doping da CBF, Bernardo Santi falou demais.
"Conversei com colegas da Holanda que conhecem o pessoal do PSV.
Não cheguei a conversar com os médicos do PSV.
Eles tinham suplementado o Ronaldo, que era muito franzino.
Dentro dessa suplementação incluíam algumas substâncias anabolizantes.
Elas poderiam eventualmente fazer ele crescer um pouco mais.
Porque, afinal, os campeonatos europeus são muito duros."
As declarações do médico repercutiram no mundo.
E ele acabou demitido.
Depois de engordar no PSV, Ronaldo logo passou a ter problemas no joelho.
E eles só pioraram durante sua carreira.
A desconfiança óbvia: os tendões e ligamentos não suportaram o sobrepeso.
Ronaldo sempre negou o uso de anabolizantes.
Ao contrário de Daniel Carvalho.
Ao chegar no Palmeiras, o jogador explicou seu eterno sobrepeso.
"Eu saí com 20 anos de idade do Brasil e tinha um biotipo bem magrinho.
Eu fiquei seis, sete anos lá fora e infelizmente na Rússia não existe exame antidoping.
Na época em que eu cheguei ao CSKA, o pessoal me achava bem magrinho.
Eles acabaram me dando uns anabolizantes.
Infelizmente eu não sabia o que estava tomando.
Acabei engordando praticamente oito quilos em um ano."
Depois, Daniel Carvalho, ameaçado por processo pelo CSKA, voltou atrás.
E disse que havia se enganado.
Pouco importa Neymar já ser uma estrela mundial com seu físico franzino.
Na visão europeia ele está abaixo do ideal.
Mesmo nos últimos quatro anos já ter engordado oito anos no Santos.
Foi avisado que não terá saída.
Serão cinco quilos a mais.
Que fique muito bem registrada sua estreia hoje na Catalunha.
Contra o clube que o lançou.
Porque a cúpula médica do Barcelona decidiu.
Ele irá ganhar pelo menos mais cinco quilos de músculos.
Vai mudar.
Médicos, fisiologistas, fisioterapeutas do Santos e Seleção se preocupam.
Mas não podem falar nada.
Quem decide é o novo patrão do principal jogador brasileiro.
Tirando o Barcelona, todos só podem torcer.
Para que não se transforme em um novo Robinho.
E perca sua incrível agilidade, sua disposição natural para os dribles.
Ou, pior ainda, que tenha as consequências médicas de Kaká e Ronaldo.
Que repita Messi.
Franzino, Neymar se mostrou excelente atacante.
A ponto de os principais clubes europeus o disputarem a tapas.
Resta esperar o que acontecerá com ele, depois de bombado.
Franzino não havia o que reclamar.
Os espanhóis sabem muito bem disso..
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